16 novembro, 2009

sobre a mesa-de-cabeceira: Caim - José Saramago

Narrativa perspicaz, irónica e com um bom travo de humor que culmina num final genial. Ou seja, com a aceitação da existência simultânea de Deus e do homem como resultado da evolução das espécies - como que a agradar gregos e troianos.
Por outro lado, poderá ser visto como uma sátira, onde o Deus grande e todo poderoso cujos desígnios são inescrutáveis aniquilou o homem, feito à sua imagem e semelhança, por ser uma má obra (é Deus também uma má obra?) tendo este que retomar ao mundo através dos animais.

1 comentário:

  1. o que me lixou as entranhas neste foi a critica. a critica áspera dura e pouco medida dos portugueses. isolei-me no quarto e li o livro renegando como tantas vezes a sociedade portuguesa; o meu grande espanto: o livro é o delírio. não um delírio mas o delirio. o antropormorfismo que se espelha ja equacionado tambem no ev. segundo j. c. mostra-nos a profunda sabedoria de saramago que nao se limitou só a ler uma merdinha: leu muitas, e como consequencia o pó ganha estrutura-torna-se novel (vide Jorge Luis Borges seres imaginarios), o novelo é carregado pelo vento e torna-se teia de sonhos. ficou a mais na memoria a mancha de caim - espetada no meio da fronte, como praga. a mancha é doença que se estendeu como praga tambem na minha fantasia. Esta praga, carregam os inteligentes: aqueles que reicindicam o tempo por vontade propria, moem os destinos fora de um país que tão belo e bonito com tanta coisa boa, às vezes difama por tão pouco. Obrigado Saramago.

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