24 fevereiro, 2010

«Quando a vida morre, a morte nasce e começa a viver, isto é como o jogo de dominó, (...) a vida da morte dura até que morra de velho e de fome o último verme do morto.»
Camilo José Cela in "Mazurca para dois mortos".

20 fevereiro, 2010

Continuando a procrastinar Dostoievski...
Finalmente terminei o "mazurca", na verdade já foi há algum tempo. Estou numa de procrastinação generalizada. Cá fica então o comentário (para quem já o aguarda, impacientemente!).
Um estilo muito peculiar de escrita, onde os diálogos e a narrativa se misturam num passado e num presente, que inicialmente pode ser confuso não só pela forma pouco vulgar como as cenas vão sendo contadas como pela existência de muitas personagens e respectivos nomes e alcunhas em espanhol, claro está. Estas circulam num ambiente situado por altura da guerra civil espanhola e são cheias de características fantásticas como preconceitos atávicos, superstições e promiscuidades.
Contudo, tudo isto é suplantado pela beleza como Cela transforma cenas de grande rudeza e perversão em algo que soa a doce e a cómico.
Parece incrível que o nobel da nossa vizinha Espanha seja tão pouco conhecido entre nós, ao ponto de não existirem exemplares da sua (vasta) obra em stock nas livrarias mais afamadas, sendo necessário encomendar o livro directamente na editora.
Obrigada Eric, por me apresentares este talento verbal.